Ele: Me perguntaram o que eu mais gostava nela. Eu falei que não gostava de nada. Que não gostava do seu nome, porque era um nome diferente e esquisito, combinava com ela. Nome chato. Falei que não gostava nenhum pouco da sua cidade, dos seus cabelos pretos e do jeito que sua risada era escandalosa seguida por um “ai caralho”. Não gostava do jeito que ela passava a língua na boca, na boa. O jeito que ela sorria e escondia o rosto, o jeito que ela ficava sem graça e com cara de bebê de blusa amarela. Não gostava de nada dela. Nem da curva do sorriso fazendo os olhos ficarem franzidos. Não gostava, não gostava da roupa que ela usava, não gostava do tamanho dela e muito menos da cor da pele. Não gostava das suas mensagens descontroladas no meio da noite. Do sorriso então? Eu não gostava mesmo. Do jeito que ela sorria… Não, não era igual. Ela sempre sorriu diferente. Um sorriso que dava pra perceber que não era qualquer sorriso. Das orelhas, do nariz, dos dentes, da barriga, das pernas, das coxas, dos joelhos, dos pés. Eu não gostava de ficar horas no telefone só ouvindo ela respirar. Não gostava do tom de voz de briga e nem do de choro. Não gostava do formato das unhas e nem da cor dos esmaltes dela. Não gostava dos apelidos que ela me dava. Não gostava das fotos que ela tinha de mim no celular. Nada. Não gostava quando ela dizia que me amava e sorria. Não gostava do sotaque que puxava o r. Quando se trava dela, eu não gostava de nada… Eu amava, tudo.
Ela: E por que você tá me falando isso?
Ele: Porque o dela, ela e afins, é você.
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